02/09/2014

Desmatamento da Amazônia provoca falta d'água no Sudeste

O desmatamento da Amazônia voltou ao centro das discussões com as eleições presidenciais, visto que uma das candidatas carrega a bandeira da sustentabilidade e desenvolveu projetos voltados para este ecossistema. Não quero aqui ser partidária, mas alguns dados são incontestáveis: o desmatamento da Amazônia Legal diminuiu 24% no período de 1º agosto de 2013 e 31 de maio de 2014 em comparação com o mesmo período anterior, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, 20% das árvores da Floresta Amazônica original já foram derrubadas. O que isso quer dizer? Aparentemente, não muita coisa, mas esse número impacta diretamente nas nossas vidas e eu vou explicar!

Como as árvores da Amazônia são muito antigas, as raízes alcançam profundidade de até 30 metros, facilitando o processo de sugar a água da terra. Por meio do tronco das árvores, essa água chega às folhas que, pela transpiração, espalham umidade na atmosfera. Essa umidade se transforma em chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Portanto, quanto maior o desmatamento, menor a umidade e, assim, menos chuva. E sem chuva, os reservatórios ficam vazios e as torneiras, secas.

Sendo assim, caro leitor, a falta de água, sobretudo nos períodos mais quentes do ano, tem total ligação com o desmatamento. Diariamente, cada árvore amazônica bombeia em média 500 litros de água. A Amazônia inteira é responsável por levar 20 bilhões de toneladas de água por dia do solo até a atmosfera, 3 bilhões de toneladas a mais do que a vazão diária do Amazonas, o maior rio do mundo.

O papel da Cordilheira dos Andes

A cordilheira corta o Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia 
As condições ambientais que formam e dão vida a América do Sul na forma como ela é hoje são fruto de combinações únicas em todo o planeta. Na mesma latitude onde estão a Cordilheira dos Andes e a Amazônia, em toda a extensão do globo terrestre, encontram-se apenas desertos. Mas é exatamente a combinação entre a vasta cadeia montanhosa de cerca de 8 mil metros que impede que as nuvens geradas pela umidade proporcionada pelas árvores amazônicas se percam no Oceano Pacífico. Elas esbarram na Cordilheira e desviam para o Sul.

Sem a Amazônia, uma coisa é certa: os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul fatalmente seriam desertos também.

O que podemos fazer?

Reflorestar áreas desmatadas antes que seja tarde! Mas se você reside em um desses estados que depende da sobrevivência da Amazônia para existir e, claro, não vai se deslocar até a Amazônia para plantar árvores, só restam duas alternativas: utilizar a água de forma consciente para evitar o desperdício e, acima de tudo, especialmente em 2014, vote em candidatos com consciência e projetos socioambientais. O nosso futuro também depende disso.

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