O personagem Graúna é um grande ícone da desigualdade social no Brasil. Suas tirinhas, do desenhista Henfil e publicadas em um antigo jornal nos anos 80 e mais recentemente em outros jornais pelo país, falam sobre a desigualdade entre os lados norte e sul do Brasil. Sendo assim, um ótimo exemplo para divulgar no Blog Action Day 2014, cujo tema é Desigualdade.
Como o dia hoje é de alerta, debate e tudo mais, escolhi a tirinha abaixo para fazer parte do Blog Actiond Day 2014.
Graúna questiona do que se alimenta aquele povo do “sulmaravilha”, pois suas condições não o deixavam nem conhecer como viviam as pessoas da parte de baixo do país. Zeferino, já com um pouco mais de conhecimento, passa uma farta lista da mesa dos sulistas.
O mais impressionante é que Graúna se espanta por não ouvir que na lista teria farinha, seu único alimento diariamente. Para ele, só a farinha é consistente e adequada para “manter o corpo em pé”.
Essa questão continua acontecendo hoje, com um forte agravante: Em todo o Brasil, inclusive no centro-sul, há brasileiros que se alimentam de forma precária, sem condição alguma de comprar uma variedade tão saudável de comida. De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de brasileiros que viviam em extrema pobreza ultrapassava 19 milhões em 2011, ou seja, cerca de 10% da população em situação de miséria. Desses, mais da metade eram de áreas urbanas.
Há um ano, o Ipea divulgou a primeira análise social da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012. Na ocasião, foi identificado que diminuiu o número de pessoas na linha ou abaixo da linha da pobreza. Segundo o Ipea, o novo número para quem estava abaixo da linha era de 6,53 milhões.
Porém, como o tema é Desigualdade, vale frisar um trecho da matéria publicada no Portal Brasil: “... a desigualdade social permaneceu estável...”.
Qual a conclusão disso tudo? Quanto menos pobres, mais ricos. Mesmo que alguém extremamente pobre tenha virado apenas pobre, alguém rico também deve ter ficado extremamente rico. Assim como os programas assistencialistas funcionam para o pobre, a situação econômica do Brasil também favorece os ricos. E a desigualdade continua.
Não sou um socialista, que acha que todo mundo deveria ganhar a mesma coisa. Não sou extremamente pobre ou rico. Apenas acredito que os mais ricos deveriam ajudar os mais pobres.
Segue o diálogo da tirinha para o caso de não ficar tão fácil de ler em celulares, por exemplo:
- Que temos hoje para almoçar: farinha?
- É... Farinha no almoço, janta e ceia!
- Lá no sulmaravilha eles comem o que?
- Comem carne, ovos, legumes, aves, pão, leite, verduras, conservas, frutas, chocolate...
- Farinha não?
- Claro! Farinha também...
- Ah, bom! Pensei que eles não comessem nada consistente.
#Blogaction14, #Inequality, #Oct16
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